01 de abr de 2025

Psicóloga explica o impacto da mentira e quando o hábito se torna um transtorno
O Dia da Mentira, comemorado no 1º de abril no Brasil, é tradicionalmente marcado por brincadeiras e histórias fantasiosas. No entanto, mentir vai além das piadas e pode ter repercussões significativas para a saúde física e mental. Especialistas alertam para os impactos deste comportamento, que pode se associar a transtornos psicológicos.
De acordo com a psicóloga Irenilza Moura, da Hapvida, as razões que levam alguém a mentir são diversas. Elas podem incluir desde a busca por aprovação social até traumas emocionais não resolvidos. A psicóloga explica que as mentiras podem ser motivadas por desejos de evitar conflitos, proteger-se de situações embaraçosas ou buscar aceitação em um grupo. “Muitas pessoas mentem para se encaixar em um contexto social”, afirma Moura. Além disso, comportamentos aprendidos na infância, em ambientes onde a mentira é comum, podem levar a pessoa a adotar esse hábito na vida adulta.
A mentira não afeta apenas quem mente, mas também quem é enganado. Para quem mente com frequência, o impacto pode ser profundo. A pessoa pode vivenciar sentimentos de ansiedade, estresse, culpa e vergonha, além de ter dificuldades em estabelecer relações autênticas e saudáveis. Isso pode resultar em isolamento social. Já as vítimas da mentira podem sofrer com a perda de confiança, insegurança e até desenvolver transtornos como ansiedade e depressão. Em casos mais graves, a desconfiança pode afetar relacionamentos futuros e gerar dificuldades emocionais duradouras.
Quando a mentira se torna compulsiva e incontrolável, pode ser um sinal de transtorno psicológico, como a mitomania (ou pseudologia fantástica). Nessa condição, a pessoa mente de forma recorrente, frequentemente acreditando nas próprias invenções. Esse comportamento pode ocorrer isoladamente ou estar associado a outros transtornos, como os de personalidade antissocial, histriônica e narcisista, ou ainda à síndrome de Munchausen, quando a pessoa finge estar doente para chamar atenção. O principal indicativo de que o comportamento é problemático é a continuidade das mentiras mesmo diante de consequências negativas, prejudicando diversas áreas da vida, como a pessoal, profissional e social.
Além dos impactos psicológicos, a mentira também afeta a saúde física. O ato de mentir pode ativar o sistema nervoso, elevando os níveis de cortisol, hormônio relacionado ao estresse. Esse processo pode aumentar a frequência cardíaca, a pressão arterial e a tensão muscular, além de causar problemas digestivos. “Mentir constantemente gera um estado de tensão contínua, que pode afetar a saúde física a longo prazo”, destaca a psicóloga.
Para aqueles que percebem dificuldades em controlar a compulsão por mentir, o primeiro passo é o autoconhecimento. Identificar os gatilhos emocionais que levam à mentira é fundamental para buscar alternativas mais saudáveis de comunicação. O apoio emocional de pessoas de confiança também é essencial, assim como a busca por ajuda profissional, como a terapia psicológica, que pode auxiliar na compreensão das causas subjacentes e no tratamento dessa compulsão.